Sem mais falar de qualquer outro assunto, Airtrain é um verdadeiro presente aos ouvintes de Hard Rock que compartilham do mesmo bom gosto. Penso que sou suspeito pra fazer uma crítica de uma banda como esta, pois a mesma nos apresenta, de forma um pouco mais branda (porém com certa originalidade e potencial para explodir) um timbre vocálico semelhante a Bruce Dickinson (Iron Maiden), Dio (Rainbow, ELF, Black Sabbath), e até mesmo alguns sussurros de Hansi Kürsch (Blind Guardian). Antes de ouvir o álbum com atenção, já posso classificá-lo como uma banda de potencial incrível.
Living for a Love, primeira faixa do disco, é carregada de emoção, e pretende imprimir isso no cérebro do ouvinte, de forma em que as guitarras são apenas um fator dá força aos pontos altos da voz de Caio Siriani. Pontos extras para o vocal, como já foi dito. Mas em Back to War, segunda faixa, os guitarristas Júlio Machia e Arthur Santos mostram que seus riffs tem uma força incrível, dignos da era de ouro do heavy metal e hard rock. Porém, as duas músicas pecam pela falta de hook, embora abusem dos solos limpos e agradáveis.
Mas aqui, na terceira faixa, a obra-prima deste álbum. German Night é um faixa com uma força incrível, de fazer os ouvidos implorarem por mais. Não é apenas um monólogo de uma das partes da banda, mas aqui, se sente a banda inteira unida e pronta pra criar uma música maravilhosa. No refrão, se sente o hook que faltou nas faixas anteriores, a harmonização entre as guitarras e o vocal, que novamente nos remetem à era de ouro do Iron Maiden. O solo aparece primeiramente harmonizando com a base, mas depois encontra sua independência, fazendo de si próprio um espetáculo maior.
Após agitarem os ouvidos necessitados, a Airtrain nos apresenta uma balada, como toda banda que se preze. O ritmo lento, necessário, é tão carregado de emoção quanto o da primeira faixa, e faz o ouvinte se sentir próximo a um amigo querido ou ao bom amor.
E então, depois da calmaria, vem Shark Attack, com a intenção de fazer as pessoas pularem novamente. Os riffs fortes se repetem, acompanhados pela bateria, cavalgando para dentro da mente dos ouvintes de música boa. Julianne (e que nome. Será que é a garota de Living for a Love?) diminui o ritmo novamente, mantendo uma certa "montanha-russa", que é vista em vários álbuns do gênero. O bumbo ouvido na introdução te mostra que vai ser uma música boa, mais lenta, com algo a mais, fora o tema romântico que já era esperado desde o título. Porém, novamente, o solo de guitarra aparece apenas como um complemento, não tendo tanta força quanto os outros elementos. Rock the Bones, que vem seguindo, soa estranhamente familiar a qualquer um. É uma música rápida, com um ritmo mais animado, com uma empolgação que atinge o seu objetivo de fazer os pés saírem do chão. O côro utilizado no refrão é uma ferramenta excelente, que atrai o público e faz a conexão entre este e a banda.
Pra terminarmos, Into the Soul é uma faixa longa, mas que novamente, dá uma boa impressão com os primeiros acordes de violão. Na primeira parte, Caio mantem sua voz mais grave, dando a essa faixa um ar mais sério, como uma confissão que precisava ser dita, um segredo que anseia por não ser perdido. Todos os instrumentos se harmonizam poeticamente, como que numa sinfonia para os deuses. Na segunda parte, protagonizada pelo solo de guitarra, este se mostra muito mais livre, como uma criança que corre num parque, procurando inconscientemente explorar seus limites. Que ótima forma de finalizar um álbum.
Enfim, posso apenas concluir que Airtrain é uma banda incrível, que traz as características do heavy metal e hard rock clássicos para a modernidade, e está trabalhando ainda em um estilo próprio. Pecam em algumas coisas que já foram citadas, mas que com certeza trabalharão pra fixá-las. Há potencial, e todos nós queremos vê-lo nos próximos trabalhos da banda.
Nota: 8/10
